O Experimento Marshmallow foi um estudo sobre a capacidade de adiar uma recompensa, e foi conduzido pelo professor da Universidade de Stanford, Walter Mischel, e sua equipe, tendo sido publicado em 1972. Neste estudo, era oferecida a uma criança (de 3 a 5 anos) a escolha entre ganhar um marshmallow imediatamente (que era colocado em um prato à sua frente), ou dois marshmallows depois, caso a criança esperasse o pesquisador retornar após um período de 15 minutos fora da sala, sem comer o marshmallow do prato. Apenas como curiosidade, nesse experimento não foram usados, além do marshmallow (nome pelo qual o experimento ficou conhecido), o pretzel.
Os resultados, ao contrário do que se imaginava, indicaram que não ficar pensando na guloseima (por não a ter à vista ou por pensar em coisas divertidas) aumentava a capacidade de adiá-la, ou seja, as crianças que não ficavam focadas na recompensa prolongavam a capacidade de adiá-la, e, consequentemente, o tempo de recebê-la. O estudo, em resumo, apontou que as crianças poderiam esperar um tempo mais longo quando:
- acreditavam que elas realmente ganhariam sua guloseima favorita, após o tempo de espera, por exemplo, por confiar no experimentador, e por ter as guloseimas à vista (encobertas ou não);
- desviavam sua atenção das guloseimas;
- ocupavam-se com estímulos agradáveis ou não frustrantes (por exemplo, pensar em coisas divertidas ou brincar)
O Mais Incrível Apareceu Anos Depois
Na verdade, o mais impressionante em relação a esse experimento, veio décadas depois. O professor Mischel, e outros pesquisadores, realizaram estudos de acompanhamento do progresso de cada criança em várias áreas, e o que eles encontraram foi muito interessante. Segundo o estudo divulgado em 1988, realizado pelos pesquisadores Yuichi Shoda e Walter Mischel (Univerisdade da Columbia), e Philip Peake (Smith College), as crianças que estavam dispostas a adiar a recompensa aos 4 anos, esperando pelo segundo marshmallow sem antes comer o primeiro, tornaram-se adolescentes cujos pais os classificaram como mais social e academicamente competentes, verbalmente fluentes, racionais, atenciosos, planejadores e capazes de lidar bem com a frustração e o estresse. A mesma equipe de pesquisadores publicou, em 1990, um estudo que apontou que havia uma correlação entre o tempo que as crianças esperaram pela recompensa, e a nota do teste SAT (exame padronizado utilizado nos Estudos Unidos), ou seja, maior capacidade de esperar, maior nota no teste.
Outro estudo de um grupo de pesquisadores, incluindo o professor Mischel, divulgado em 2012, concluiu que adiar a recompensa por mais tempo aos 4 anos de idade foi associado a um IMC (índice de massa corporal) mais baixo, três décadas depois.
Exemplos do Dia-a-Dia
Não é difícil perceber isso no dia a dia, por exemplo, se alguém adiar a recompensa de assistir televisão, fazendo antes a sua lição de casa, aprenderá mais e obterá melhores notas. Se você adiar a recompensa de sair antes do final do treino, e ficar mais tempo se exercitando, ficará melhor e mais forte. Se você adiar a recompensa de comer doces e salgadinhos, acabará comendo de forma mais saudável e manterá um peso saudável. Se você adiar a recompensa de ficar mais tempo dormindo, levantando-se com disposição, terá um dia produtivo, e acabará tendo um sono reconfortante logo mais à noite. Enfim, são vários os exemplos de como o autocontrole e a autodisciplina fazem de nós, pessoas melhores!
Ceticismo
Em 2018, os pesquisadores Tyler Watts (Universidade de Nova York), Greg Duncan e Haonan Quan (Universidade da Califórina) revisitaram o Experimento Marshmallow. Tyler Watts e seus colegas estavam céticos quanto aos achados do professor Mischel e sua equipe. Os resultados originais foram baseados em estudos que incluíram menos de 90 crianças – todas matriculadas em uma pré-escola no campus de Stanford. Ao refazer o experimento, Watts e seus colegas ajustaram o projeto experimental usando uma amostra maior (mais de 900 crianças), e mais representativa da população em geral em termos de etnia, nível educacional dos pais, e renda familiar. Em resumo, o novo estudo encontrou fundamentação limitada à ideia de que a capacidade de adiar uma recompensa leva a melhores resultados futuros. Em vez disso, sugere que a capacidade da criança de esperar pelo segundo marshmallow é baseada em grande parte pelo contexto social e econômico dela.
Ainda que haja controvérsia, eu, particularmente, depois de tantos anos trabalhando com gestão, nas mais variadas Organizações, percebo uma forte correlação entre o autocontrole e disciplina (sim! pois é disso que, em última instância, estamos falando) e o atingimento de resultados. O escritor inglês Edward Bulwer-Lytton (1803-1873) disse uma vez, em tradução livre: “A paciência não é passiva; ao contrário, é ativa; pois é força concentrada“. Eu fiz uma videoaula inteira falando por que “disciplina” é “liberdade”, se não assistiu, confere lá que vale a pena! Tem tudo a ver com esse assunto! De fato, aquele que domina a si mesmo de forma mais eficaz, tem o verdadeiro e maior poder que um ser humano pode ter; e isso lhe será útil em todas… todas as áreas; impactando em seu sucesso pessoal e profissional.