“Cada geração se imagina mais inteligente do que aquela que a precedeu, e mais sábia do que aquela que a sucederá.”
Citação de George Orwell – escritor britânico, mais conhecido pelo seu livro 1984.
Definindo Períodos
Quando falamos em definir o período das gerações, não há um consenso absoluto. Por exemplo, o dicionário Merrriam-Webster define a geração Y de modo um tanto vago, como sendo aquela dos nascidos entre os anos 80 e 90. Já o instituto de pesquisas Gallup define a geração Y como aquela dos nascidos no período entre 1980 e 1996 (referência: Millennial Banking Customers: Two Myths, One Fact), enquanto que a consultoria global EY define o período de 1981 a 1996 (referência: Americas retail report: Redefining loyalty for retail), que é o mesmo período adotado pela Pew Research Center (referência: Defining generations: Where Millennials end and post-Millennials begin). No entanto, outra grande consultoria em pesquisa social e de mercado, a australiana McCrindle, definiu a geração Y como sendo aquela que nasceu entre os anos de 1980 e 1994 (referência: Generations Defined), sendo esse período o que adotamos aqui, por representar melhor a geração seguinte (Z), que já nasceu no ambiente dos computadores pessoais.
Quanto às outras datas, procuramos seguir, da mesma forma, o que nos parece mais razoável e representativo, chamando de “Veteranos” os nascidos entre 1900 e 1945, conforme o Gallup, embora eles utilizem a nomenclatura de “Tradicionalistas”. Quanto aos “Baby-boomers”, o consenso já é bem maior, pois as consultorias Pew Research Center, McCrindle, Gallup, e EY, indicam o período pós-guerra, de 1946 a 1964, e, inclusive, o departamento americano de estatística (U.S. Census Bureau ) também o utiliza.
A Geração X fica definida como consequência natural das definições anteriores. Quanto à geração Z, definimos o início em 1995, como consequência de termos definido o final da geração Y em 1994, e o seu final, adotamos o ano de 2009, o mesmo da consultoria McCrindle, que nos parece mais razoável.
Ano Médio
Utilizamos, para cada período de geração definido, um ano médio, que é, simplesmente, a mediana do período, ou seja, o ano que está no seu ponto médio. E para que fizemos isto? Por dois motivos: O primeiro é que a visualização de um ano específico permite uma melhor identificação do período em si, ainda que saibamos que estamos fazendo um grande arredondamento. O segundo é que utilizamos esse ano, acrescido de mais 15 anos, como referência para a análise dos equipamentos e dispositivos de comunicação típica de cada geração, o que é, especialmente útil, no caso das gerações mais recentes, onde os avanços e mudanças são cada vez mais frequentes, sendo, portanto, um recurso didático.
Idade de Cada Geração em 2018
Para facilitar a identificação de cada uma das gerações, calculamos a idade que as pessoas de cada geração deve ter no ano de 2018. O veteranos têm mais de 73 anos, os baby-boomers têm entre 54 e 72 anos, a geração X tem de 39 a 53 anos, a geração Y (também chamada de millennials) tem de 24 a 38 anos, a geração Z, de 9 a 23 anos, e, finalmente, a geração alfa, como é chamada a geração que está nascendo nos dias de hoje, com 8 anos ou menos.
Comunicação Interpessoal
É bastante interessante analisar a evolução da comunicação interpessoal utilizada, principalmente, no âmbito profissional, que é o objetivo maior nosso, aqui. Lembrando que a nossa referência foi 15 anos após o ano médio, ou seja, focando o jovem que, muito em breve, estaria no mercado de trabalho, já totalmente aculturado à tecnologia de comunicação existente.
Enquanto que as gerações de veteranos e baby-boomers utilizaram, basicamente, carta, telefone, e telégrafo, por mais de 60 anos, como o principal meio de comunicação, as gerações seguintes têm experimentado uma gama enorme de novos dispositivos tecnológicos, numa velocidade incrível. A geração X agregou o fax (quando, finalmente, se podia enviar um documento em segundos para um lugar distante), e o pager (que permitia uma comunicação – que era via rádio – ainda que longe de um telefone). A geração Y já dispunha do telefone sem fio, dos computadores pessoais (desktop e laptop) e a possibilidade de utilizar o e-mail (correio eletrônico), sendo possível, então, enviar documentos, planilhas, fotos, e demais arquivos, de maneira rápida, prática, e barata, para qualquer lugar do mundo. Além disso, surgiu, também, o celular, que aposentou o pager, pois possibilitava uma conversa de qualquer lugar, sem depender de um telefone público.
A geração Z não apenas viu a modernização dos computadores, mas, também, o aparecimento dos smartphones (os celulares que permitem a navegação pela internet, e o uso de uma infinidade de aplicativos). Cresceu, também, com essa geração, a comunicação (seja pelo computador, seja pelo smartphone) através das chamadas redes sociais, como o facebook, twitter, instagram, entre outras.
A geração Alfa verá uma série de outras descobertas e novos dispositivos de comunicação ganharem espaço, alguns ainda nem inventados. Mas, as tendências apontam (como discutido nas conferências da Singularity University, ou do SXSW, por exemplo) o uso cada vez maior da inteligência artificial e dos chamados dispositivos vestíveis (wearable devices), que são aqueles que deverão estar no pulso, na roupa, na cabeça, ou nos óculos. Haverá uma mudança gradativa dos smartphones como o conhecemos hoje. No futuro, as tendências apontam que os smarphones deverão ser dobráveis e vestíveis, mas é unânime que estarão cada vez mais presentes na vida das pessoas. As tendências apontam, também, o uso do comando de voz ganhando espaço, em detrimento do touchscreen. Muita coisa há de vir, e a geração Alfa será usuária presente nesse futuro.
Nível de Conectividade
Enquanto que os veteranos e os baby-boomers conectavam-se muito pouco, pois os meios de comunicação eram caros e pouco eficientes, ao longo do tempo, as gerações passaram a se conectar cada vez mais. O advento da internet foi, sem dúvida, um marco na comunicação, uma das maiores (r)evoluções, pois proporcionou uma gama enorme de opções e possibilidades na comunicação, reduzindo o custo e aumentando a velocidade.
No futuro, a “internet das coisas” (internet of things) será muito mais presente, levando a conectividade a padrões, até há alguns anos atrás, inimagináveis. Se hoje já temos alguns carros conectados, smartTVs, e relógios inteligentes, além do próprio smartphone, a conectividade do futuro incorporará uma gama enorme de objetos e equipamentos de uso diário, como a geladeira, fogão, roupas, calçados, etc.
Contingente no Mercado de Trabalho
Para entender os números do mercado de trabalho, utilizamos os dados da PNAD contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que é uma pesquisa estatística que avalia a inserção da população no mercado de trabalho no Brasil. Utilizamos a tabela PNAD contínua de fevereiro de 2018 para obter os números mais atuais da força de trabalho, e uma tabela de Síntese de Indicadores Sociais de 2016 com dados segmentados por idade do número de trabalhadores, que extrapolamos para os números atuais, com os devidos ajustes nessa segmentação. Com esses dados, chegamos aos seguintes números que representam o contingente de cada geração no mercado atual de trabalho no Brasil: As gerações X e Y dominam o mercado de trabalho, com 34,9 milhões de pessoas na idade da geração X, e 35,7 milhões, na idade da geração Y. Bem mais que os 16,6 milhões da geração Z, ou dos 16,9 milhões dos baby-boomers.
A evolução da comunicação no ambiente de trabalho, ao longo das várias gerações, assim como, o seu perfil atual, facilitam entender as características mais significativas que diferenciam uma geração da outra. Procuramos, aqui, evitar generalizações despropositais, fazendo apenas aquelas que permitem um melhor entendimento das particularidades mais significativas e cabíveis de cada geração.