Como Construir Novos Hábitos?

 

Como Construir Novos Hábitos?

Segundo o dicionário Michaelis, hábito é disposição de agir constantemente de certo modo, adquirida pela frequente repetição de um ato. Então, estabelecer determinadas ações como hábito, apresenta uma série de vantagens, entre elas, uma maior eficiência na ação (pela repetição e constância), e os próprios benefícios decorrentes da repetição de ações que consideramos boas.

Formar Hábitos Leva um Certo Tempo

Existe o número cabalístico de 21 dias, largamente propagado por diversos autores da Neurolinguística e afins, entre eles, Sir John Hargrave, em seu livro Mind Hacking: How to Change Your Mind for Good in 21 Days, publicado em 2016. Apesar de muito mencionado, não se sabe ao certo sua origem. Muito provavelmente, tenha sido incorporado por meio do livro Psycho-Cybernetics: A New Way to Get More Living Out of Life, publicado em 1960, do cirurgião plástico e pesquisador americano Maxwell Maltz, que observou o número 21 em seu trabalho.

Veja o que ele diz em seu livro: “Geralmente, se requer um mínimo de 21 dias para afetar qualquer mudança perceptível em uma imagem mental. Após a cirurgia plástica, leva cerca de 21 dias para o paciente médio se acostumar com seu novo rosto. Quando um braço ou uma perna é amputada o “membro fantasma” persiste por cerca de 21 dias. As pessoas devem morar em uma casa nova por cerca de três semanas antes de começar a “parecer em casa”. Estes e outros fenômenos comumente observados tendem a mostrar que se requer um mínimo de cerca de 21 dias para uma imagem antiga se dissolver e uma nova ser criada…

Um estudo de 2009 de Phillippa Lally e seus colegas Cornelia H. M. van Jaarsveld, Henry W. W. Potts, e Jane Wardle, (University College London), observou o tempo em que as pessoas levavam para automatizar determinadas ações. O tempo que os participantes levaram para alcançar razoável automatização variou de 18 a 254 dias, e a média encontrada foi de 66 dias. Sejam 21 ou 66 dias, penso que seja plausível adotar um número inicial de 30 dias, como meta para a repetição do hábito que queremos criar. Com o tempo, você mesmo poderá ajustar esse número, se entender necessário.

Formando Hábitos

Para formar hábitos é simples, mas, não necessariamente, fácil. Construir bons hábitos requer tempo (como acabamos de ver), além de muita disciplina, determinação na sua execução, e disposição. Uma pesquisa de 2015 do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), realizada pelos pesquisadores Theresa M. Desrochers, Ann M. Graybiel, e Ken-ichi Amemori revelou que neurônios no cérebro de primatas pesam os custos e os benefícios para conduzir a formação de hábitos. Como tudo na natureza, o cérebro procura uma relação custo/benefício ótima para executar suas funções. Isso nos leva a crer que, quando, conscientemente, queremos introduzir um novo hábito, precisamos definir quais são os custos (o que eu devo fazer?) e quais são os benefícios (o que eu ganho?), tendo certeza de “apresentar” ao nosso cérebro todos os benefícios envolvidos. Essa é uma maneira de planejarmos de forma inteligente a formação de um novo hábito.

O planejamento do hábito contempla a caracterização do benefício, e a descrição da ação envolvida na execução do hábito. Vejamos, a seguir, cada umas das etapas:

  • Benefício: Criar um hábito requer, como já dissemos, disciplina e determinação na sua execução, portanto, é fundamental ter muito claro em mente o benefício que estamos buscando. É preciso definir um propósito, ou seja, qual é o ganho que teremos ao agir habitualmente desse ou daquele modo. Poderemos, inclusive, caracterizar os ganhos de curto prazo (aqueles advindos da simples execução da ação), e os de longo prazo (aqueles advindos da introdução da ação como um hábito).
  • Ação: Devemos descrever o procedimento ou rotina a qual estaremos nos engajando, para proporcionar o benefício que queremos. É importante que tenhamos em mente, tão sucintamente quanto possível, mas tão detalhadamente quanto necessário, a descrição da ação que precisamos executar, e do comportamento que temos que assumir.

O Ciclo da Formação do Hábito

Vários psicólogos e pesquisadores, inclusive o consagrado autor do best seller “O Poder do Hábito”, Charles Duhigg, apontam que o ciclo para formação do hábito segue um padrão: gatilho, ação e recompensa. Ação e recompensa, é o que estávamos chamando de custo e benefício, mas, agora, vemos aparecer o gatilho, que é o que desencadeará a ação. Por exemplo, ao ouvir o despertador (gatilho), vou levantar e colocar a roupa de treino, comer uma banana, e vou para o treino (ação) na academia, porque me sentirei bem depois do treino, e sei que isso proporcionará redução de peso, aumento de massa muscular, imunidade, disposição e inúmeros outros benefícios (recompensa).

Nesse exemplo da academia, sempre que tocar o despertador, executaremos a ação, percebendo a recompensa que teremos, e pensando no benefício que estaremos  desfrutando ao final do treino (além do bem-estar a curto prazo, melhora da saúde a longo prazo). Obviamente, haverá manhãs que você poderá pensar “hoje não, estou cansado…não dormi direito…é melhor eu dormir mais um pouco.” Esse tipo de pensamento é uma forma de relutarmos em mudar e abraçar o novo hábito. Isso é normal ocorrer quando não ficou claro o benefício que estamos buscando, ou até a própria relevância dele para nós. Fazer o seu cérebro visualizar o benefício, criar uma imagem mental positiva, é importante para estimular a execução do hábito, facilitando a sua formação.

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